Também será implantado o
disque-desaparecidos, no telefone 197. Através do número, qualquer pessoa pode
informar pistas sobre o paradeiro das vítimas sem revelar a identidade.
Desaparecida desde 2008, Larissa Gonçalves
dos Santos completaria 18 anos em fevereiro. Ela estava em casa com o irmão, em
São Cristóvão, na Zona Norte do Rio, quando um homem invadiu o local, pegou a
menina, então com 11 anos, e a levou dentro de um táxi. O acusado, suspeito de
pelo menos outros sete desaparecimentos, foi preso e condenado. Larissa, no
entanto, nunca mais foi vista. Apesar do passar dos anos, a mãe dela, Renata
Gonçalves da Silva, nunca desistiu de encontrar a filha.
A história de Larissa é uma das milhares que
ocorrem todos os anos no Rio. Ao longo de 2013, mais de cinco mil e oitocentas
pessoas desapareceram no estado. Somente de janeiro a agosto deste ano, foram
quase três mil e 900 desaparecimentos, segundo o Instituto de Segurança
Pública. A maioria dos casos, mais de 1.500, ocorreu na capital, seguida da
Baixada Fluminense e do interior. As principais vítimas são jovens, de 15 a 17
anos, do sexo masculino. Segundo o disque-denúncia, o serviço recebe, em média,
15 ligações por dia sobre desaparecimentos ou informações para localização de vítimas.
Mas a falta de dados integrados entre os órgãos do estado e as demais unidades
da federação é um dos entraves que dificultam a solução desses casos. Outro
problema, segundo a antropóloga e ex-diretora do ISP, Ana Paula Miranda, é o
fato dos desaparecimentos só serem registrados pela polícia após vinte e quatro
horas.
Para tentar reverter esta realidade, será
inaugurada, nesta segunda-feira, no Rio, a primeira delegacia de Descoberta de
Paradeiro do estado. A especializada terá dois núcleos, um para investigar o
sumiço de crianças e adolescentes e outro, para adultos. Segundo o coordenador
da ONG Meu Rio, João Senise, um dos que cobrou a criação da delegacia no Rio, o
modelo é inspirado na unidade de Belo Horizonte que, em 10 anos, resolveu 80%
dos casos.
Também será implantado o disque
desaparecidos, no telefone 197. Através do número, qualquer pessoa pode
informar pistas sobre o paradeiro das vítimas sem revelar a identidade.
Em 2010, o Ministério Público do Rio criou o
Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos que está sendo
implantando em âmbito nacional. Atualmente, dez estados fazem parte do Sistema
Nacional de Desaparecidos, que ainda não tem data definida para ser unificado.