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Com quase 3,9 mil casos de desaparecidos em 2014, Rio de Janeiro ganha delegacia especializada


Também será implantado o disque-desaparecidos, no telefone 197. Através do número, qualquer pessoa pode informar pistas sobre o paradeiro das vítimas sem revelar a identidade.

Desaparecida desde 2008, Larissa Gonçalves dos Santos completaria 18 anos em fevereiro. Ela estava em casa com o irmão, em São Cristóvão, na Zona Norte do Rio, quando um homem invadiu o local, pegou a menina, então com 11 anos, e a levou dentro de um táxi. O acusado, suspeito de pelo menos outros sete desaparecimentos, foi preso e condenado. Larissa, no entanto, nunca mais foi vista. Apesar do passar dos anos, a mãe dela, Renata Gonçalves da Silva, nunca desistiu de encontrar a filha.


A história de Larissa é uma das milhares que ocorrem todos os anos no Rio. Ao longo de 2013, mais de cinco mil e oitocentas pessoas desapareceram no estado. Somente de janeiro a agosto deste ano, foram quase três mil e 900 desaparecimentos, segundo o Instituto de Segurança Pública. A maioria dos casos, mais de 1.500, ocorreu na capital, seguida da Baixada Fluminense e do interior. As principais vítimas são jovens, de 15 a 17 anos, do sexo masculino. Segundo o disque-denúncia, o serviço recebe, em média, 15 ligações por dia sobre desaparecimentos ou informações para localização de vítimas. Mas a falta de dados integrados entre os órgãos do estado e as demais unidades da federação é um dos entraves que dificultam a solução desses casos. Outro problema, segundo a antropóloga e ex-diretora do ISP, Ana Paula Miranda, é o fato dos desaparecimentos só serem registrados pela polícia após vinte e quatro horas.

Para tentar reverter esta realidade, será inaugurada, nesta segunda-feira, no Rio, a primeira delegacia de Descoberta de Paradeiro do estado. A especializada terá dois núcleos, um para investigar o sumiço de crianças e adolescentes e outro, para adultos. Segundo o coordenador da ONG Meu Rio, João Senise, um dos que cobrou a criação da delegacia no Rio, o modelo é inspirado na unidade de Belo Horizonte que, em 10 anos, resolveu 80% dos casos.

Também será implantado o disque desaparecidos, no telefone 197. Através do número, qualquer pessoa pode informar pistas sobre o paradeiro das vítimas sem revelar a identidade.

Em 2010, o Ministério Público do Rio criou o Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos que está sendo implantando em âmbito nacional. Atualmente, dez estados fazem parte do Sistema Nacional de Desaparecidos, que ainda não tem data definida para ser unificado.

*Da Rádio CBN Rio.