No dia 03 de outubro de 2009 minha filha Ana
Paula Moreno Germano, de 23 anos, saiu de nossa casa na cidade de Carapicuíba
(SP) às 5h30min para ir trabalhar, cumprindo uma rotina que já fazia há quase
dois anos. Ela entrava às 6h da manhã em uma empresa no bairro de Alphaville,
região de Barueri, São Paulo, onde eu também trabalhava, só que no horário da
tarde. Às 13h30min, quando cheguei à empresa, descobri que Ana Paula não tinha
aparecido no trabalho aquele dia. Na mesma hora liguei para o seu celular, mas
estava fora de área. Disse Sandra Mãe de Ana Paula.
Minha filha mais velha, juntamente de seu
esposo, foram me buscar para irmos a empresa de ônibus conseguir com o setor de
tráfegos um relatório do cartão de passagem de ônibus, que naquele dia não
havia sido usado.
Como Ana Paula não tinha dinheiro na
carteira, ficou claro que não embarcou no ônibus. Em seguida parti para as
empresas de monitoramento da cidade, pois Alphaville tem muitas câmeras de
segurança.
Tive acesso a todas as imagens daquele dia,
ficando claro que minha filha não chegou a passar pela região. Às 18h eu já
estava dentro da delegacia registrando o B.O (Boletim de Ocorrência), no dia
seguinte fui a D.H.P.P. em SP Capital, registrando a queixa, levei a foto dela
para ser colocado no site da polícia.
Dos policiais das delegacias por onde passei
ouvi que eu já tinha levado 90% do trabalho pronto para a polícia. Até onde
entendi, restava 10% para a polícia fazer, mas que não tiveram a capacidade de
realizar. Da polícia tenho o B.O e mais nada. Não concederam nem a quebra do
sigilo telefônico da minha filha, talvez a única maneira de conseguirmos uma
pista.
São mais de dois anos de muita luta com a
Justiça em todos os setores: delegados, promotores, enfim, já tentei de todas
as formas.
Por desencargo de consciência fui até ao
prefeito da minha cidade e dele ouvi que nada poderia ser feito.
Diante de tanto descaso, resolvi buscar uma
providencia. Comecei a montar um quebra cabeça colocando tudo o que precisaria
ter acontecido e não aconteceu, tudo o que deveria ter sido feito e não foi, e
comecei a escrever uma resposta daquilo que com certeza precisaria acontecer.
Nessa investida soube que para ser
apresentado ao Congresso Nacional um pedido que se comprova que o que existe
não funciona, precisa, junto com o pedido de mudanças, ter 1 milhão de pessoas
que queiram a mesma coisa. Resolvi então começar a recolher essas assinaturas
para mudar a situação do desaparecimento de pessoas no Brasil.
Estas assinaturas deverão ser recolhidas
entre os estados brasileiros. Quem quiser me ajudar e a todas as mães de
pessoas desaparecidas no Brasil, basta assinar este abaixo-assinado.
Desistir dessa luta é desistir de minha
filha, coisa que jamais farei.
Sinto em mim a dor de todas as mães dos
desaparecidos, uma dor que nos enfraquece, que é a dor da incapacidade. Nos
sentimos incapazes diante de tanto descaso, com nossos filhos sabe Deus onde, e
nós sem poder fazer nada, esta dor é que nos aniquila. Mesmo assim nós, mães de
desaparecidos, lutamos, temos projetos, temos sonhos e acreditamos que podemos
mudar. Sei que são muitas as barreiras, que nem sempre temos forças ou
condições de continuar, mas não importa. O que importa mesmo é a força e a fé
que tenho que nós todas vamos vencer esta guerra.
Para assinar a petição do
Projeto de Lei de Iniciativa Popular pela Pessoa Desaparecida no Brasil, que
será enviado ao Presidente do Congresso Nacional clique aqui.
*Do Jornal Fatos em Dia.