Dos 610 desaparecimentos de menores no Estado
em 2013, apenas cinco estão em lista nacional
Todos os anos, várias famílias em Minas vivem
o drama de ter crianças e adolescentes desaparecidos. Ainda assim, a ferramenta
disponibilizada pelo Ministério da Justiça e pela Secretaria de Direitos
Humanos da Presidência da República, que poderia ajudar a localizá-los, é
subutilizada e ignora quase a totalidade dos mineiros que sumiram em 2013.
Passados oito meses, pouca coisa mudou.
Segundo a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), 1.588 casos de
desaparecimento foram registrados no Estado entre janeiro e agosto do ano
passado, incluindo 610 menores de idade – os dados mais atualizados, até
dezembro, não foram informados. Até a última sexta-feira, apenas cinco menores
desaparecidos em 2013 tinham sido incluídos no cadastro nacional, criado em
março.
Entre eles está a menina Emilly Ferrari, 8,
que foi vista pela última vez, em maio, na porta de casa em Rio Pardo de Minas,
no Norte do Estado. Os dados sobre a criança foram incluídos pela Delegacia
Especializada em Localização de Pessoas Desaparecidas da capital, que assumiu o
caso em julho passado – dois meses após o desaparecimento de Emilly. A
informação no cadastro, porém, poderia ter sido disponibilizada antes se a
família da garota tivesse sido informada sobre a existência do banco de dados.
“Se eu, que passo por situação de desaparecimento dentro da minha família,
nunca ouvi falar do cadastro, imagina quem está ‘de fora’? Não adianta divulgar
só na internet, que nem todas as famílias têm acesso”, reclama a mãe de Emilly,
a professora Tatiany Ferrari, 30.
Para a presidente da Associação Brasileira de
Busca e Defesa a Crianças Desaparecidas, Ivanise Esperidião, o cadastro
nacional não representou avanço. “Enquanto ele for aberto ao público e ficar
por conta das famílias preencherem os dados, continuará defasado, pois poucas
são informadas sobre o cadastro. O ideal seria que o delegado responsável
registrasse a queixa no momento em que é feito o boletim de ocorrência”,
avalia.
Quando O TEMPO mostrou a defasagem do
cadastro, o delegado Dagoberto Batista, da Divisão de Referência da Pessoa
Desaparecida, alegou que todos os dados de Minas haviam sido enviados. Ele
garantiu ainda que todas as informações de desaparecidos seriam reenviadas. A
reportagem procurou a assessoria da Polícia Civil, mas o órgão informou que só
seria possível disponibilizar uma fonte para falar sobre o assunto hoje.
*Do Jornal O Tempo.
Reportagem de Aline Lourenço.