Caso da idosa que sumiu em santuário ganhou
repercussão nacional.
Estado deve aderir a programa da ONU contra
tráfico de pessoas.
Nos primeiros sete meses do ano, mais de
cinco mil pessoas desapareceram no Rio Grande do Sul. O número de casos
preocupa profissionais da área, que se reuniram nesta sexta-feira (23) em Porto
Alegre.
O caso da mulher de Delmar Winck,
desaparecida há 10 meses, ganhou repercussão nacional. Beatriz, de 78 anos,
sumiu durante uma visita com a família ao Santuário de Aparecida, no interior
de São Paulo, em outubro do ano passado.
"Eu estou tomando antidepressivos e
outros medicamentos mais para poder suportar. A esperança é de que ela não
morreu e não vai morrer. E nós não vamos desistir dessa luta enquanto ela não
estiver presente", diz o marido da desaparecida.
Delmar falou na tarde desta sexta-feira (23)
em uma audiência pública na Assembleia Legislativa, que ouviu familiares de
desaparecidos. O número de pessoas nessa situação aumentou em quase 45% nos
últimos 10 anos. Em apenas 82% dos casos é registrado o reaparecimento, ou
porque a família não avisa a polícia do retorno ou porque as pessoas não são
encontradas.
"O estado precisa se apropriar desses
dados e criar políticas de proteção de acompanhamento, seja pra família, seja
pra essas pessoas que por sua vez ainda esperam uma ação do estado pra ser
encontrada", diz o deputado Aldacir Oliboni (PT).
No Rio Grande do Sul, mais da metade dos
casos de desaparecimento envolvem crianças ou adolescentes. Segundo a polícia
especializada, 80% desses menores saem de casa voluntariamente.
"Uma das principais causas de
desaparecimento pode ser maus-tratos da família, drogadição, ausência dos pais,
da figura paterna, principalmente, na família, fugas voluntárias daquele
período de férias, fugas para constituir família", explica o delegado
Andrei Vivian, do Departamento Estadual da Criança e do Adolescente da Polícia
Civil.
Especialistas acreditam que uma parcela de
desaparecidos seja vítima de tráfico internacional de pessoas. Por isso, o
Brasil assinou um convênio com a Organização das Nações Unidas (ONU). O estado
deve aderir ao programa este ano.
"É uma região de fronteira, é uma região
que enfrenta o problema do tráfico de pessoas, como vários outros estados, e é
uma região que tem feito um trabalho muito interessante na área do
enfrentamento ao tráfico de pessoas, que pode ser intensificado com essa
campanha", afirma Níveo Nascimento, Oficial de programas de prevenção ao
crime da ONU.
A polícia está ajudando a família de
Francisco, um pedreiro nascido no Piauí está desaparecido há 10 dias em Porto
Alegre. "O que eu quero é que, alguém que tenha notícias, que dê para
gente, entre em contato, que a gente se preocupa muito com a família Porque
muita gente vive procurando, não sou só eu", diz o pedreiro Raimundo Alves
Pereira Filho.