Todas as 5.300 escolas estaduais de São Paulo vão ter de fazer imagens fotográficas de seus alunos anualmente. A iniciativa será tomada para auxiliar a polícia em casos de desaparecimento.
A decisão já foi tomada e envolve diversas
secretarias estaduais, como Educação, Justiça e Segurança Pública.
Com a foto, é possível multiplicar os meios
de procura com a exposição em diversos meios, fazer comparações com retrato
falado e atualizar a aparência da vítima ao longo dos anos.
Até março deste ano, 1.854 crianças e
adolescentes de 0 a 18 anos foram dados como desaparecidos no Estado de São
Paulo. No ano passado todo, foram 7.662 casos, sendo que 10% deles é o
percentual estimado de vítimas com algum tipo de deficiência.
"As escolas vão alimentar um banco de
dados que guardará essas imagens com todo o sigilo. A rede escolar vai ser
capacitada para abraçar a causa dos desaparecidos ajudando a identificar
vítimas e com ações de prevenção ao desaparecimento", diz a secretaria
estadual dos Direitos da Pessoas com Deficiência, Linamara Rizzo Battistella,
que encabeça o projeto.
A violência doméstica, em todas as classes
sociais, é a principal causa geradora do desaparecimento, de acordo com
levantamentos feitos nas bases de dados das vítimas.
"Há um número importante de crianças que
somem, mas reaparecem. Porém, para uma segunda ocorrência, há menos registros.
É importante que os pais ajam com rapidez diante da suspeita do
desaparecimento. Não dá para ficar esperando muito", afirma Battistella.
A empregada doméstica Maria Zélia Soares
Araújo, 49, procura o filho Amadeu César Augusto há três anos.
Ele tem deficiência intelectual, com
dificuldade de fala e compreensão. Sumiu quando andava nas redondezas de casa,
aos 23 anos.
Segundo a mãe, é importante que surjam novas
iniciativas para ajudar a reencontrar pessoas, mas critica a falta de
treinamento dos agentes públicos para lidar com a questão.
ESPERA
"Até hoje, aguardo um carro de polícia
chegar em casa para me ajudar nas buscas, aguardo o disque denúncia me dizer
alguma coisa. Os policiais tinham de saber orientar e auxiliar melhor as
famílias que vivem esse drama, não basta só registrar um boletim de
ocorrência", afirma.
Maria Zélia já fez buscas sozinha, em meio à
cracolândia (centro). "Nunca pedi bolsa de assistência ao governo, mas
queria que me ajudassem a ter meu filho de volta."
Segundo a secretária dos Direitos da Pessoa
com Deficiência, em grandes eventos, como Copa e Olimpíada, o potencial de
crescimento do número de desaparecimento é grande. "Há grupos que ficam de
olho nas multidões para capturar pessoas. Temos de nos preparar."