A
esperança de ver o filho com vida. Esse é o sentimento de uma mãe, moradora do
Bairro Bueno Franco, que convive com a ausência do filho Rafael Alves Cruz, de
22 anos, desaparecido há quase oito meses. Desde que o jovem saiu de casa, em
30 de abril deste ano, M.A.C, de 57 anos, vive uma saga à procura de pistas
sobre o paradeiro do filho. Nesses 233 dias de buscas, ela já ouviu várias
histórias diferentes sobre o que teria acontecido com Rafael. “Já me disseram
que ele foi morto por traficantes, atropelado na BR-381, que estaria vivo
circulando pela cidade, mas nós (a família) fomos atrás de todas as dicas e não
encontramos nada”, lamenta a mulher.
O
momento de maior angústia para esta mãe, no entanto, ocorreu na tarde do último
dia 9. Naquele domingo, M. recebeu uma ligação anônima informando que o corpo
de Rafael teria sido sepultado às margens da Avenida Edméia Matos Lazzarotti,
na região Central de Betim. Movida pelo desespero, ela chamou o filho mais
velho, para, juntos, seguirem as coordenadas e cavarem o local à procura do
corpo. Depois de remover a terra, eles descobriram que, de fato, havia uma
ossada enterrada em cova rasa. A Polícia Militar e a perícia foram acionadas
para analisar os restos mortais encontrados, mas depois de quase uma semana de
espera, M. teve a notícia de que os exames realizados nos ossos revelaram que o
material encontrado fazia parte de um esqueleto animal.
Nova denúncia
Diante
do resultado negativo da perícia, M. tenta agora apoio das polícias militar e
civil e do Corpo de Bombeiros para checar informações de uma nova denúncia
anônima. “Me ligaram dizendo que eu cavei no lugar errado e que, na verdade, o
corpo do meu filho está em um saco plástico, debaixo de uma árvore que fica em
uma mata no Bairro Niterói”, diz. Ela diz ter encontrado resistência por parte
das autoridades locais em auxiliar nas buscas. “Já me disseram que eu preciso
ter a localização exata de onde está meu filho para que eles (Corpo de
Bombeiros e polícias) possam procurar, mas eu não precisaria acioná-los se eu
soubesse onde o corpo está”, reclama M.
A
mãe de Rafael acredita que o desaparecimento do filho está diretamente ligado
com o tráfico de drogas. Segundo ela, o jovem fazia uso de entorpecentes desde
os 13 anos. “Ele começou a se envolver com amizades erradas e passou a usar
maconha e cocaína. A gente fez de tudo para tentar impedir e fazer com que ele
saísse dessa vida, mas não teve jeito”. O avô de Rafael, que preferiu não se
identificar por medo de represálias, conta que chegou a fazer alterações na
casa, numa tentativa de evitar que Rafael fosse para a rua se drogar. “Eu
trancava o portão para que ele não saísse, mas quando os amigos o chamavam ele
pulava o muro. Por causa disso, fiz um muro mais alto, mas não teve jeito e ele
continuou a pular”, conta o homem, contendo as lágrimas.
Família abalada
Desde
que Rafael desapareceu, a rotina da família foi modificada em função das buscas
pelo jovem. A angústia da falta de respostas acabou abalando a saúde dos
parentes mais próximos. “Quando me dei conta de que meu filho estava
desaparecido, surtei. Nunca tive problemas psicológicos antes, mas desde que o
Rafael sumiu, passei a tomar cinco medicamentos antidepressivos”, conta M., que
está afastada do trabalho na lavanderia do Hospital Regional de Betim há sete
meses devido aos problemas de saúde. Os avós paternos do jovem também estão
bastante abatidos devido à falta de informações sobre o neto. “Isso acabou com
a vida da gente. É muito sofrimento”, diz a avó de Rafael, que não será
identificada, por medo. A falta de informações verdadeiras sobre o paradeiro do
filho tem diminuído a expectativa de M. em encontrar o filho com vida. “Mãe
nunca perde a esperança, mas a esta altura, acho difícil encontrarmos ele vivo.
Mas vivo ou morto, quero encontrá-lo para acabar com este sofrimento”, declara.
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Com informações do Jornal Estado de Minas